Hérnia de Hiato em Cães e Gatos: Revisão e Abordagem Clínica

Hérnia de Hiato em Cães e Gatos: Revisão Clínica Completa | Doutor dos Animais, Dr. Roque Antônio de Almeida Junior

 Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶


Hérnia de Hiato em Cães e Gatos: Revisão e Abordagem Clínica

Autor: Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior, CRMV 23098
Afiliado: www.doutordosanimais.com.br


Resumo

A hérnia de hiato é uma condição rara em cães e gatos, caracterizada pelo deslocamento de parte do estômago através do hiato esofágico do diafragma para o tórax. Embora incomum, essa afecção pode causar sinais clínicos gastrointestinais significativos, como regurgitação, vômitos e disfagia. Este artigo visa revisar a fisiopatologia, classificação, sinais clínicos, diagnóstico e opções terapêuticas da hérnia de hiato em pequenos animais, com base em literatura científica atualizada e casos clínicos relatados. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado, seja clínico ou cirúrgico, são essenciais para o prognóstico positivo.

Palavras-chave: hérnia hiatal, cães, gatos, gastroenterologia veterinária, regurgitação, diagnóstico por imagem.




1. Introdução

A hérnia de hiato consiste no deslocamento de parte do estômago para o interior da cavidade torácica por meio do hiato esofágico, normalmente reservado para a passagem do esôfago. Embora mais comum em humanos, essa condição também pode afetar cães e, mais raramente, gatos. O conhecimento desta patologia é fundamental para clínicos e cirurgiões veterinários, dada a sua associação com refluxo gastroesofágico e complicações respiratórias.



2. Revisão de Literatura

2.1 Definição e Classificação

De acordo com Evans & de Lahunta (2013), a hérnia de hiato pode ser classificada em quatro tipos:

  • Tipo I (deslizante): parte do esôfago abdominal e do cárdia do estômago se deslocam para o tórax.

  • Tipo II (paraesofágica): a cárdia permanece no lugar, mas o fundo gástrico hernia ao lado do esôfago.

  • Tipo III (mista): combinação dos tipos I e II.

  • Tipo IV: presença de outros órgãos, como cólon ou baço, também herniando pelo hiato.

2.2 Fisiopatologia

O enfraquecimento das estruturas que compõem o hiato diafragmático, associado a fatores congênitos ou adquiridos (traumas, aumento da pressão intra-abdominal), permite o deslocamento do estômago. Isso compromete o funcionamento do esfíncter esofágico inferior, favorecendo o refluxo ácido e lesões esofágicas.

2.3 Predisposição Racial

Algumas raças braquicefálicas como Bulldog Inglês, Pug e Shih Tzu apresentam predisposição à hérnia de hiato devido à pressão negativa torácica exacerbada pela síndrome braquicefálica. Em gatos, relatos são raros, mas podem ocorrer em Persas.



3. Materiais e Métodos (Base Teórica)

Este trabalho foi baseado em uma revisão integrativa da literatura, com busca nas bases de dados PubMed, Scielo, ScienceDirect e VIN (Veterinary Information Network), com artigos publicados entre 2000 e 2024. Foram incluídos artigos originais, revisões sistemáticas e relatos de caso sobre hérnia de hiato em cães e gatos, usando os descritores: “hiatal hernia”, “dogs”, “cats”, “gastroesophageal reflux”, “veterinary gastroenterology”.



4. Discussão

4.1 Sinais Clínicos

  • Regurgitação crônica

  • Disfagia

  • Vômito pós-prandial

  • Perda de peso

  • Salivação excessiva

  • Tosse e sinais respiratórios (aspiração)

Em casos graves, pode ocorrer pneumonia por aspiração, exigindo tratamento intensivo.

4.2 Diagnóstico

O exame radiográfico torácico com contraste (esofagograma) é fundamental, mas a endoscopia digestiva alta é considerada padrão ouro para visualização direta do refluxo e presença da hérnia. A fluoroscopia também pode ser utilizada para avaliação dinâmica do esôfago.

4.3 Tratamento

Conservador (casos leves):

  • Inibidores de bomba de prótons (omeprazol)

  • Procinéticos (metoclopramida, cisaprida)

  • Dietas fracionadas e elevadas

  • Evitar exercícios após alimentação

Cirúrgico (casos moderados a graves):

  • Herniorrafia hiatal

  • Gastropexia (fixação do estômago)

  • Esofagopexia (fixação do esôfago ao diafragma)

A escolha depende da gravidade clínica, tamanho da hérnia e resposta ao tratamento conservador.



5. Conclusão

A hérnia de hiato em cães e gatos, apesar de rara, deve ser considerada em pacientes com regurgitação persistente e sinais gastrointestinais altos. A suspeita clínica, aliada a exames de imagem e endoscopia, permite o diagnóstico preciso. O tratamento adequado, especialmente quando realizado precocemente, pode oferecer prognóstico favorável. O conhecimento desta condição é essencial para a atuação eficaz do clínico geral e do gastroenterologista veterinário.



6. Referências

  • EVANS, H.E.; DE LAHUNTA, A. Miller’s Anatomy of the Dog. 4ª ed. Elsevier, 2013.

  • HALL, E.J. et al. Gastrointestinal diseases. In: Ettinger, S.J., Feldman, E.C. Textbook of Veterinary Internal Medicine, 8th ed. Elsevier, 2017.

  • STONE, E.A.; WITHROW, S.J. Small Animal Surgical Oncology. Saunders, 2020.

  • KIMMEL, S.E. et al. Hiatal hernia in dogs and cats: a retrospective study. J Am Anim Hosp Assoc, 2000.

  • VIN – Veterinary Information Network. Acesso em abril de 2025.



Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶


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