Pancreatite em Cães e Gatos: Abordagem Diagnóstica e Terapêutica

 


Pancreatite em Cães e Gatos: Abordagem Diagnóstica e Terapêutica

Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior – Médico Veterinário | CRMV-SP 23098


Resumo

A pancreatite é uma condição inflamatória que afeta o pâncreas de cães e gatos, sendo uma enfermidade comum, porém subdiagnosticada. Trata-se de uma doença que varia de formas leves e autolimitantes a quadros graves e potencialmente fatais. O presente artigo aborda, de forma detalhada, os aspectos fisiopatológicos, etiológicos, clínicos, diagnósticos e terapêuticos da pancreatite em pequenos animais, com ênfase nas melhores práticas baseadas em evidências.

 

                             Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶



1. Introdução

O pâncreas exócrino é responsável pela produção de enzimas digestivas essenciais. A inflamação desse órgão, chamada pancreatite, ocorre quando há ativação precoce dessas enzimas dentro do próprio tecido pancreático, resultando em autodigestão e resposta inflamatória sistêmica. Em cães, a forma aguda é mais prevalente, enquanto nos gatos, a apresentação clínica costuma ser mais crônica e insidiosa.


2. Fisiopatologia

A pancreatite se inicia com a ativação intrapancreática da tripsina, levando à cascata de ativação de outras enzimas, necrose celular, liberação de citocinas inflamatórias e, em casos graves, falência multiorgânica. Essa inflamação pode ser limitada ao pâncreas (pancreatite leve), ou se expandir para tecidos adjacentes e sistemas sistêmicos (pancreatite necrosante ou hemorrágica).


3. Etiologia

Diversos fatores podem desencadear pancreatite em cães e gatos:

3.1 Cães

  • Alimentação rica em gordura

  • Obesidade

  • Trauma abdominal

  • Hiperlipidemia (ex: Schnauzers)

  • Fármacos (ex: azatioprina, furosemida, tetraciclinas)

  • Doenças endócrinas (hiperlipidemia, diabetes mellitus, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo)

3.2 Gatos

  • Doenças inflamatórias intestinais

  • Colangite / hepatopatia (tríade felina)

  • Toxoplasma gondii

  • Parasitos gastrointestinais

  • Trauma

  • Idiopática (alta incidência)


4. Sinais Clínicos

Os sinais variam de acordo com a espécie e a gravidade da inflamação:

Cães

  • Vômito (sintoma mais comum)

  • Dor abdominal (posição de oração)

  • Diarreia

  • Letargia

  • Anorexia

  • Febre

Gatos

  • Anorexia

  • Letargia

  • Perda de peso

  • Hipotermia

  • Vômito (menos comum do que em cães)

  • Desidratação


5. Diagnóstico

O diagnóstico é desafiador, especialmente nos gatos, e exige uma abordagem multimodal:

5.1 Exames laboratoriais

  • Hemograma: leucocitose, neutrofilia, anemia

  • Bioquímica: aumento de ALT, AST, hiperglicemia, hipocalcemia, hipertrigliceridemia

  • Lipase e amilase: pouco específicas em cães, e não confiáveis em gatos

  • Especific Lipase Pancreática Canina (cPLI) e Felina (fPLI): exame mais confiável

5.2 Imagem

  • Ultrassonografia abdominal: avaliação do aumento do pâncreas, ecogenicidade alterada, presença de líquido livre ou alterações peripancreáticas

  • Radiografia abdominal: pouco sensível, mas pode ajudar na exclusão de outras causas

  • Tomografia computadorizada (TC): utilizada em centros especializados

5.3 Diagnóstico Diferencial

  • Gastroenterite

  • Corpo estranho gastrointestinal

  • Insuficiência renal aguda

  • Doença hepática

  • Colangite e hepatite (em gatos)


6. Tratamento

O tratamento é, em grande parte, de suporte, com foco em controle da dor, correção de distúrbios hidroeletrolíticos e suporte nutricional.

6.1 Estabilização e fluidoterapia

  • Reposição agressiva com cristaloides isotônicos (Ringer Lactato ou NaCl 0,9%)

  • Monitoramento de eletrólitos, acidose e pressão arterial

6.2 Controle da dor

  • Analgésicos opioides (tramadol, buprenorfina)

  • Em casos mais graves: fentanil intravenoso contínuo

6.3 Antiêmese

  • Maropitant (Cerenia®)

  • Ondansetrona

  • Metoclopramida (com cautela)

6.4 Antibióticos

  • Uso restrito apenas em casos suspeitos de infecção pancreática secundária (necrose, febre persistente, leucocitose grave)

6.5 Suporte nutricional

  • Início precoce de nutrição enteral via oral ou por sonda nasoesofágica

  • Dietas de fácil digestão e baixo teor de gordura

  • Evitar jejum prolongado

6.6 Outras terapias

  • Plasma fresco em casos graves

  • Antioxidantes como S-adenosilmetionina e vitamina E (uso controverso)

  • Corticóides: apenas em casos bem indicados (ex: pancreatite autoimune)


7. Prognóstico

O prognóstico é variável e depende da gravidade, rapidez do diagnóstico e resposta ao tratamento. Cães com pancreatite aguda leve geralmente se recuperam bem, enquanto gatos com formas crônicas podem necessitar de manejo a longo prazo.

Fatores de mau prognóstico incluem:

  • Hipoalbuminemia

  • Hipocalcemia

  • Coagulopatia

  • Persistência de vômitos e anorexia


8. Considerações Finais

A pancreatite é uma condição séria, porém controlável com diagnóstico e tratamento apropriados. A conscientização dos tutores sobre os sinais clínicos e a busca precoce por atendimento veterinário são essenciais para melhorar os desfechos. Novas pesquisas continuam a avançar na compreensão da fisiopatologia e no desenvolvimento de terapias específicas.


Referências

  • Xenoulis PG, Steiner JM. "Canine and feline pancreatitis: Current concepts." Vet Clin North Am Small Anim Pract. 2015.

  • Forman MA, Marks SL, De Cock HE. "Evaluation of serum feline pancreatic lipase immunoreactivity as a test for pancreatitis in cats." J Vet Intern Med. 2004.

  • Watson P. "Pancreatitis in dogs and cats: definitions and pathophysiology." J Small Anim Pract. 2015.

  • WSAVA Global Nutrition Committee Guidelines.

  • Ettinger SJ, Feldman EC. Textbook of Veterinary Internal Medicine, 8th ed.


Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶

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Dermatites alérgicas em pets: como identificar e tratar com base científica

Dermatites alérgicas em pets: como identificar e tratar com base científica

Por Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior – Médico Veterinário | CRMV 23098

As dermatites alérgicas estão entre os problemas de pele mais comuns em cães e gatos. Elas causam coceira intensa, vermelhidão e desconforto, afetando diretamente a qualidade de vida dos pets. Neste artigo, vamos explicar de forma clara e científica como identificar, diagnosticar e tratar esse tipo de dermatite — sempre com a orientação de um médico-veterinário.




O que são dermatites alérgicas?

As dermatites alérgicas são reações inflamatórias da pele causadas por uma resposta exagerada do sistema imunológico a substâncias normalmente inofensivas, como pólen, ácaros, alimentos ou picadas de pulgas.

As principais formas de dermatite alérgica em pets incluem:

  • Dermatite Alérgica à Picada de Pulga (DAPP)

  • Dermatite Atópica Canina ou Felina (DAC/DAF)

  • Alergia Alimentar

  • Dermatite de Contato (mais rara)


Sinais clínicos mais comuns

  • Prurido (coceira intensa), especialmente em orelhas, patas, abdômen e base da cauda

  • Lambedura ou mordedura excessiva

  • Vermelhidão, feridas, crostas ou perda de pelo

  • Infecções secundárias por bactérias ou fungos (ex: piodermite, Malassezia spp.)

  • Otites recorrentes (em especial nos casos de dermatite atópica)

🔬 Importante: Os sinais podem variar de acordo com o tipo de alergia e a espécie (gato ou cachorro), e muitas vezes se sobrepõem.


Diagnóstico diferencial: um passo essencial

O diagnóstico deve sempre ser feito por um veterinário. Isso porque não existe um exame único que detecte todas as causas de dermatite. O processo pode incluir:

  • Anamnese completa (histórico do animal, ambiente, dieta)

  • Exame clínico detalhado

  • Raspado de pele, citologia ou cultura para excluir ectoparasitas ou infecções secundárias

  • Teste de exclusão alimentar (para identificar alergia alimentar)

  • Testes intradérmicos ou sorológicos (para diagnóstico de dermatite atópica)

  • Controle de pulgas rigoroso para descartar DAPP


Tratamento: abordagem personalizada e contínua

🧪 1. Controle do agente causador

  • Pulgas: uso de antiparasitários eficazes (ex: isoxazolinas) para todos os animais do ambiente

  • Alergia alimentar: dieta hipoalergênica com proteína hidrolisada ou nova fonte proteica por 8-12 semanas

  • Dermatite atópica: manejo ambiental e identificação de alérgenos (quando possível)

💊 2. Terapia medicamentosa

  • Antihistamínicos (com eficácia limitada)

  • Corticosteroides (uso com cautela)

  • Oclacitinib (Apoquel®) ou Lokivetmab (Cytopoint®) para casos moderados a graves

  • Ácidos graxos essenciais (ômega 3 e 6) como adjuvantes

  • Antibióticos ou antifúngicos (em casos de infecção secundária)

🛁 3. Cuidados tópicos

  • Banhos terapêuticos com shampoos antialérgicos ou antifúngicos

  • Sprays, loções ou hidratantes dermatológicos veterinários


Dermatite alérgica em gatos: atenção redobrada

Nos gatos, a dermatite alérgica pode se manifestar como complexo granuloma eosinofílico felino, lesões de lambedura intensa, alopecia simétrica ou ulcerações. O diagnóstico e tratamento seguem os mesmos princípios, mas exigem maior atenção, pois os felinos são mais sensíveis a alguns medicamentos.


A importância do acompanhamento veterinário

A dermatite alérgica não tem cura definitiva, mas com diagnóstico precoce e tratamento individualizado, é possível controlar os sintomas e proporcionar bem-estar ao pet.

Nunca medique seu animal por conta própria. O uso inadequado de corticoides, antibióticos ou antipulgas pode agravar o quadro ou causar efeitos colaterais graves.


Conclusão

Se o seu cão ou gato apresenta coceira frequente, lesões na pele ou lambedura excessiva, procure um médico-veterinário. O tratamento correto, com base científica e ajustado para o perfil do seu pet, pode fazer toda a diferença.


📍Atendimentos domiciliares em Mogi das Cruzes SP, Grande São Paulo,
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🐶 Nutrição Canina: Como Escolher a Ração Ideal para o Seu Cão

 Nutrição Canina: Como Escolher a Ração Ideal para o Seu Cão

Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶


🐶 Nutrição Canina: Como Escolher a Ração Ideal para o Seu Cão

A alimentação é um dos pilares da saúde do seu cão. Uma nutrição equilibrada previne doenças, fortalece o sistema imunológico, mantém o peso adequado e garante energia para as atividades diárias. Com tantas opções disponíveis no mercado — rações secas, úmidas, naturais, premium, super premium — muitos tutores ficam em dúvida: qual é a ração ideal para o meu cão?

Neste guia completo, você vai entender o que observar na hora de escolher, os tipos de rações disponíveis, e os critérios que realmente importam para oferecer o melhor ao seu pet.




✅ Por que a Nutrição Canina é Tão Importante?

Assim como os humanos, os cães precisam de uma combinação equilibrada de proteínas, carboidratos, gorduras saudáveis, vitaminas e minerais. A alimentação correta contribui para:

  • Manutenção de ossos, músculos e órgãos saudáveis

  • Imunidade forte contra infecções e doenças

  • Energia para brincadeiras, passeios e exercícios

  • Pelagem bonita e pele saudável

  • Longevidade com qualidade de vida


🍽️ Tipos de Ração para Cães

1. Ração Comum (Standard)

  • Mais acessível, mas geralmente com menor qualidade nutricional.

  • Contém muitos subprodutos, corantes e aditivos.

  • Pode ser suficiente em alguns casos, mas não é ideal para cães com sensibilidades ou necessidades específicas.

2. Ração Premium

  • Melhora na qualidade dos ingredientes.

  • Maior digestibilidade e melhor balanceamento nutricional.

  • Boa opção para cães saudáveis que não têm restrições alimentares.

3. Ração Super Premium

  • Ingredientes de alta qualidade, com proteína de origem nobre (como frango, cordeiro, salmão).

  • Alta absorção de nutrientes, menor volume de fezes.

  • Frequentemente inclui ingredientes funcionais (ômega-3, prebióticos, condroitina).

  • Ideal para quem busca o melhor custo-benefício em saúde canina.

4. Rações Especiais ou Terapêuticas

  • Prescritas por veterinários para tratar condições específicas como:

    • Problemas renais

    • Obesidade

    • Alergias alimentares

    • Diabetes

  • Nunca devem ser usadas sem orientação profissional.

5. Ração Natural / Holística

  • Composição mais limpa, livre de transgênicos, corantes e conservantes artificiais.

  • Muitas vezes, usa ingredientes de grau humano.

  • Ideal para tutores que valorizam uma nutrição mais próxima da natural, mas com praticidade.


🔍 Como Escolher a Ração Ideal para o Seu Cão

🐾 1. Considere a Idade do Cão

  • Filhotes (até 12 meses): precisam de rações específicas com mais calorias, cálcio e DHA para desenvolvimento.

  • Adultos (1 a 7 anos): devem manter uma dieta equilibrada conforme o porte e atividade.

  • Idosos (7+ anos): necessitam de menos calorias e mais suporte articular e cognitivo.

🐾 2. Avalie o Porte do Cão

  • Pequeno: requer rações com grãos pequenos e suporte a metabolismo mais acelerado.

  • Médio e grande: precisam de suporte articular, proteínas de qualidade e porções ajustadas.

🐾 3. Verifique o Estado de Saúde

  • Cães com alergias, sobrepeso, doenças renais, digestivas ou articulares precisam de dietas específicas.

  • Sempre consulte o veterinário nesses casos.

🐾 4. Leia o Rótulo

Busque rações com:

  • Proteína de origem animal como 1º ingrediente (ex: frango, salmão, cordeiro)

  • Poucos aditivos químicos

  • Presença de fibras, prebióticos, ômega-3 e vitaminas

Evite rações com:

  • Subprodutos de carne genéricos ("farinha de carne e ossos")

  • Corantes artificiais

  • Açúcares ou excesso de sódio


⚖️ Ração vs Alimentação Natural: Qual é Melhor?

Ambas podem ser boas — desde que sejam bem formuladas. A ração tem a vantagem da praticidade e equilíbrio garantido pelas marcas de confiança. Já a alimentação natural (AN) deve ser personalizada por um veterinário nutrólogo e exige mais cuidado na preparação e suplementação.


📋 Dica: Observe o Comportamento e o Corpo do Seu Cão

Uma ração adequada se reflete em:

  • Pelagem brilhante e pele saudável

  • Energia e disposição

  • Fezes firmes e com pouco odor

  • Peso corporal estável

Se seu cão demonstra coceiras, queda excessiva de pelos, diarreia ou apatia, pode ser sinal de que a ração não está adequada.


🛒 Como Introduzir uma Nova Ração

A troca deve ser feita gradualmente, ao longo de 7 dias:

  1. Dia 1-2: 25% nova ração + 75% antiga

  2. Dia 3-4: 50% nova + 50% antiga

  3. Dia 5-6: 75% nova + 25% antiga

  4. Dia 7: 100% nova ração

Esse processo ajuda a evitar desconfortos digestivos.


✅ Conclusão

Escolher a ração ideal para seu cão é um ato de carinho, responsabilidade e cuidado com sua saúde. Avaliar idade, porte, necessidades individuais e qualidade dos ingredientes é fundamental para oferecer uma alimentação segura, saborosa e completa.

Em caso de dúvida, sempre consulte um médico-veterinário — ele é o melhor guia na hora de garantir uma nutrição adequada para o seu melhor amigo!


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🐱 Alimentação Natural para Gatos: Benefícios e Receitas

Alimentação Natural para Gatos: Benefícios e Receitas

Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098 😊🐶


🐱 Alimentação Natural para Gatos: Benefícios e Receitas

A alimentação natural (AN) para gatos tem ganhado cada vez mais espaço entre os tutores que buscam oferecer uma dieta mais saudável, balanceada e próxima do que os felinos comeriam na natureza. Quando bem formulada, ela pode proporcionar inúmeros benefícios à saúde dos gatos, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida.

Neste guia completo, você vai entender o que é alimentação natural, quais são seus benefícios, cuidados essenciais e até receitas base para oferecer ao seu gato com segurança.


                                     



✅ O Que é Alimentação Natural para Gatos?

A alimentação natural é um tipo de dieta feita com ingredientes frescos e naturais (carnes, vísceras, ovos, vegetais), preparados especialmente para o consumo animal — sem conservantes artificiais, corantes ou subprodutos comuns nas rações comerciais.

Existem dois tipos principais:

  • AN cozida balanceada (sem ossos, cozida e suplementada)

  • AN crua balanceada (dieta BARF) (com ossos crus moídos, carnes e vísceras cruas)

⚠️ Importante: Toda dieta natural precisa ser formulada por um veterinário nutrólogo, pois gatos têm necessidades nutricionais específicas e podem desenvolver deficiências sérias se a dieta for mal formulada.


🧬 Por que a Alimentação Natural é boa para Gatos?

✔️ Benefícios comprovados:

  1. Melhora da pelagem e pele
    A alimentação rica em proteínas de qualidade e ácidos graxos melhora o brilho e reduz a queda de pelos.

  2. Fezes com menos odor e volume
    Por ser mais aproveitada pelo organismo, a AN gera menos resíduos e reduz o mau cheiro das fezes.

  3. Hidratação natural
    Com alto teor de umidade, a dieta ajuda a prevenir problemas renais, comuns em gatos que bebem pouca água.

  4. Controle de peso
    A dieta natural pode ser ajustada com precisão para prevenir obesidade ou desnutrição.

  5. Melhora da imunidade e longevidade
    Com ingredientes frescos e livres de ultraprocessados, o sistema imunológico se fortalece e o risco de doenças reduz.


🍽️ Cuidados Antes de Começar

  • Consulte um médico veterinário especializado em nutrição felina.

  • Faça exames laboratoriais para avaliar a saúde geral do gato antes da transição.

  • Nunca improvise: gatos precisam de taurina, cálcio e outros nutrientes em quantidades exatas.

  • Não substitua a ração por alimentação caseira sem supervisão.

  • Não ofereça temperos, cebola, alho, ossos cozidos ou alimentos tóxicos para gatos.


🍲 Receitas Base de Alimentação Natural Cozida (Exemplo)

⚠️ Estas receitas são apenas exemplares e devem ser ajustadas com base no peso, idade, saúde e nível de atividade do gato. Consulte um veterinário!

📌 Receita Base (para 1 dia – gato de 4kg adulto saudável)

Ingredientes:

  • 80g de carne magra (frango, boi ou peixe) – cozida sem sal

  • 20g de fígado ou coração (cozido)

  • 10g de abóbora ou cenoura cozida

  • 1 gema de ovo cozida

  • 1/2 colher de chá de óleo de peixe (ômega-3)

  • Suplementos veterinários prescritos (como fonte de taurina, cálcio, vitamina E, etc.)

Modo de preparo:

  1. Cozinhe bem todas as carnes e vegetais, sem sal, alho ou cebola.

  2. Misture os ingredientes e adicione os suplementos prescritos.

  3. Espere esfriar e sirva em pequenas porções.

  4. Armazene o restante em potes na geladeira por até 2 dias ou congele por até 1 semana.


🔄 Transição da Ração para Alimentação Natural

A mudança deve ser feita gradualmente, ao longo de 7 a 15 dias:

  1. Comece misturando 10% de AN com 90% de ração.

  2. Aumente a porcentagem da AN aos poucos, a cada 2 dias.

  3. Observe a aceitação, fezes, comportamento e apetite.

  4. Nunca force a mudança se o gato mostrar rejeição ou desconforto.


❌ Alimentos Proibidos para Gatos

  • Cebola e alho (mesmo em pequenas quantidades)

  • Chocolate

  • Uvas e uvas-passas

  • Leite e derivados (a maioria dos gatos é intolerante à lactose)

  • Ossos cozidos

  • Temperos, sal, açúcar

  • Café, álcool e adoçantes artificiais


🐾 Conclusão

A alimentação natural para gatos pode transformar a saúde e bem-estar do seu pet — mas precisa ser feita com responsabilidade, orientação profissional e muito cuidado. Uma dieta equilibrada e personalizada respeita as necessidades biológicas do felino e contribui para uma vida mais longa e feliz.

Antes de qualquer mudança, consulte sempre um veterinário nutrólogo. Com amor, informação e orientação certa, seu gato só tem a ganhar!


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🐮 Suplementação na Seca para Bovinos de Corte e Leite: Estratégias Nutricionais para Aumentar a Produção

 


Suplementação Estratégica na Seca: Quando e Como Fazer na Produção de Bovinos de Corte e de Leite

AutoresDr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098
Instituição: FAJ Medicina Veterinária


Resumo

Durante o período seco do ano, a escassez e a baixa qualidade da forragem impõem desafios significativos para a pecuária de corte e leite no Brasil, especialmente nas regiões tropicais e subtropicais. A suplementação estratégica surge como uma ferramenta fundamental para manter o desempenho produtivo e reprodutivo dos rebanhos. Este artigo revisa os fundamentos técnicos da suplementação na seca, diferenciando as estratégias para bovinos de corte e de leite. São discutidos os tipos de suplementos, momentos ideais de fornecimento, níveis nutricionais recomendados e impacto econômico. O objetivo é oferecer subsídios técnicos para decisões mais eficientes e sustentáveis no manejo nutricional durante a estiagem.

Palavras-chave: suplementação estratégica, seca, bovinos de corte, bovinos de leite, nutrição animal, produção sustentável.






1. Introdução

O Brasil possui um dos maiores rebanhos bovinos do mundo, com destaque para a produção de carne e leite em sistemas predominantemente a pasto. No entanto, a sazonalidade da produção de forragem nos sistemas tropicais compromete a sustentabilidade produtiva, sobretudo durante a estação seca, quando há diminuição acentuada na disponibilidade e qualidade da pastagem (MENEGHETTI et al., 2019). Nesse contexto, a suplementação estratégica é uma alternativa eficaz para suprir as deficiências nutricionais e garantir a produtividade dos animais.


2. Fundamentação Técnica e Nutricional

2.1. Alterações na pastagem durante a seca

Durante a estiagem, o teor de proteína bruta nas gramíneas tropicais pode cair para menos de 6%, nível insuficiente para manter a atividade microbiana ruminal (NRC, 2016). Além disso, há redução na digestibilidade da fibra e no consumo voluntário de matéria seca, o que impacta negativamente o ganho de peso e a produção de leite.

2.2. Conceito de suplementação estratégica

Suplementação estratégica refere-se ao fornecimento de nutrientes adicionais em momentos críticos do ciclo produtivo, visando manter o desempenho animal, reduzir perdas e melhorar a eficiência econômica do sistema (PAULINO et al., 2008). A escolha do tipo de suplemento depende da categoria animal, objetivo produtivo, qualidade da forragem e estrutura do sistema de produção.


3. Suplementação na Pecuária de Corte

3.1. Objetivos

  • Manutenção ou incremento do ganho de peso.

  • Preparação de animais para terminação no período das águas.

  • Redução da idade de abate.

3.2. Estratégias nutricionais

  • Suplementação proteica (0,1 a 0,3% do PV): indicada para pastagens de baixa qualidade. Melhora a digestibilidade da fibra e estimula o consumo de forragem.

  • Suplementação proteico-energética (0,5 a 1,0% do PV): recomendada para recria ou engorda de maior exigência.

  • Suplementação de terminação a pasto: pode atingir níveis de 1,0 a 1,5% do peso vivo, utilizando fontes energéticas como milho, sorgo ou polpa cítrica.

3.3. Resultados esperados

Estudos apontam ganhos médios adicionais de 400 a 600 g/dia na recria e até 1.200 g/dia na terminação com suplementação adequada na seca (VALADARES FILHO et al., 2021).


4. Suplementação na Pecuária de Leite

4.1. Objetivos

  • Manutenção da curva de lactação.

  • Sustentação do escore corporal e saúde reprodutiva.

  • Redução de custos com volumoso conservado (silagem, feno).

4.2. Estratégias nutricionais

  • Suplementação com concentrado balanceado (dependente da produção de leite): pode variar entre 0,4 a 0,6 kg de concentrado por litro de leite produzido.

  • Utilização de fontes proteicas (farelo de soja, ureia) e energéticas (milho, sorgo).

  • Suplementação mineral específica: correção de deficiências comuns na seca, como fósforo e zinco.

4.3. Considerações práticas

A vaca em lactação apresenta maior exigência nutricional, sendo crucial monitorar consumo, escore de condição corporal e produção diária. O uso de dietas totais (TMR) pode ser vantajoso em sistemas confinados durante a seca.


5. Análise Econômica e Sustentabilidade

Embora o custo com suplementação aumente durante a seca, os benefícios em desempenho animal e retorno produtivo compensam o investimento. A suplementação estratégica permite diluir custos fixos, manter escalas de produção e evitar perdas reprodutivas.

Além disso, práticas bem conduzidas reduzem a pressão sobre a pastagem, melhoram o aproveitamento do recurso forrageiro e contribuem para a sustentabilidade ambiental da pecuária.


6. Conclusão

A suplementação estratégica durante o período seco é essencial para mitigar os efeitos da estacionalidade forrageira nos sistemas de produção de carne e leite. A escolha da estratégia deve considerar as exigências nutricionais dos animais, a disponibilidade de forragem e os objetivos do sistema produtivo. Com planejamento adequado, é possível melhorar o desempenho técnico, a rentabilidade e a sustentabilidade da atividade pecuária.


Referências 

  • NRC – National Research Council. Nutrient Requirements of Beef Cattle. 8th ed. Washington, D.C.: National Academy Press, 2016.

  • PAULINO, M. F. et al. Estratégias de suplementação para bovinos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, p.244-255, 2008.

  • VALADARES FILHO, S.C. et al. Exigências Nutricionais de Zebuínos Puros e Cruzados – BR-CORTE. 4ª ed. Viçosa: UFV, 2021.

  • MENEGHETTI, V. M. et al. Produção animal em pastagens tropicais na seca: desafios e alternativas. Revista Campo Grande Agropecuária, v.15, p.12-20, 2019.


Dr. Roque Antônio de Almeida Junior CRMV 23098



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Miopatia Endócrina em Cães e Gatos: Causas, Sintomas e Tratamento

Miopatia Não Inflamatória Endócrina em Animais Domésticos: Uma Revisão Científica

Autor: Dr. Roque Antônio de Almeida Júnior – CRMV-SP 23098


Resumo

As miopatias não inflamatórias endócrinas representam um grupo de distúrbios musculares secundários a alterações hormonais sistêmicas, particularmente relacionadas a doenças endócrinas como o hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e diabetes mellitus. Esses distúrbios podem afetar cães e gatos, resultando em fraqueza muscular, intolerância ao exercício e alterações histopatológicas musculares. O objetivo deste artigo é revisar os principais mecanismos fisiopatológicos, manifestações clínicas, diagnóstico e condutas terapêuticas relacionadas às miopatias endócrinas não inflamatórias na clínica veterinária de pequenos animais.

Palavras-chave: miopatia endócrina, hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo, cães, gatos, patologia muscular




1. Introdução

Miopatias são distúrbios que afetam diretamente a estrutura ou a função dos músculos esqueléticos. Dentre essas, as miopatias não inflamatórias endócrinas constituem um grupo clínico importante, ainda que subdiagnosticado, em cães e gatos. Elas são secundárias a disfunções hormonais e se caracterizam por alterações musculares sem presença significativa de inflamação. Os hormônios tireoidianos, glicocorticoides e insulina desempenham papel essencial na homeostase muscular, e sua deficiência ou excesso podem comprometer o metabolismo e integridade do tecido muscular.


2. Revisão de Literatura

2.1 Miopatias associadas ao hipotireoidismo

O hipotireoidismo canino é uma das principais causas endócrinas de miopatia. A deficiência dos hormônios T3 e T4 provoca redução na síntese proteica, metabolismo basal e condução neuromuscular. As alterações musculares incluem atrofia de fibras do tipo II, degeneração segmentar e acúmulo de mucopolissacarídeos.

Manifestações clínicas: fraqueza, letargia, intolerância ao exercício e, em casos mais graves, miopatia laríngea ou facial.

2.2 Miopatias associadas ao hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing)

O excesso de cortisol endógeno ou exógeno resulta em catabolismo proteico, principalmente nas fibras do tipo II, levando à atrofia muscular. É frequente em cães de meia idade a idosos.

Manifestações clínicas: fraqueza muscular proximal, abdômen pendular, intolerância ao exercício, dificuldade de subir escadas ou saltar.

2.3 Miopatias associadas ao diabetes mellitus

Embora menos comum, a hiperglicemia crônica pode levar a neuropatia periférica e degeneração muscular. Há relatos principalmente em gatos.

Manifestações clínicas: fraqueza nos membros posteriores, plantigradia, perda muscular generalizada.


3. Diagnóstico

3.1 Exame clínico e histórico

A anamnese detalhada com sinais de doença endócrina (ganho de peso, letargia, alterações dermatológicas) deve orientar a suspeita diagnóstica.

3.2 Exames laboratoriais

  • Hormônios T4, TSH (hipotireoidismo)
  • Cortisol basal e testes de supressão/estimulação (hiperadrenocorticismo)
  • Glicemia e insulina (diabetes mellitus)

3.3 Eletromiografia e biópsia muscular

Podem revelar baixa amplitude de ação muscular e alterações histopatológicas compatíveis com atrofia ou degeneração sem infiltrado inflamatório.


4. Discussão

A abordagem das miopatias endócrinas deve considerar a etiologia primária como foco terapêutico. O tratamento de reposição hormonal no hipotireoidismo, uso de trilostano no hiperadrenocorticismo e controle glicêmico no diabetes costumam levar à melhora clínica progressiva. A reversibilidade parcial ou completa das alterações musculares depende da duração da disfunção endócrina e da resposta ao tratamento.

A identificação precoce é essencial para evitar sequelas musculares irreversíveis. A miopatia, embora muitas vezes subclínica, pode ser o primeiro indicativo de uma endocrinopatia subjacente. O uso de exames complementares, especialmente biópsias musculares, pode esclarecer casos atípicos.


5. Conclusão

As miopatias não inflamatórias endócrinas devem sempre ser consideradas no diagnóstico diferencial de animais com fraqueza, intolerância ao exercício ou atrofia muscular. O reconhecimento clínico, aliado ao diagnóstico laboratorial e histopatológico, permite o manejo eficaz e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. A integração entre endocrinologia e neurologia veterinária é fundamental para o sucesso terapêutico.


6. Referências Bibliográficas

  1. Evans, H. E., & de Lahunta, A. (2013). Miller’s Anatomy of the Dog. Elsevier Health Sciences.
  2. Feldman, E.C., & Nelson, R.W. (2014). Endocrinologia e Medicina Interna de Pequenos Animais. Elsevier.
  3. Dewey, C.W., & da Costa, R.C. (2020). Practical Guide to Canine and Feline Neurology. Wiley-Blackwell.
  4. Platt, S.R., & Olby, N.J. (2013). BSAVA Manual of Canine and Feline Neurology. BSAVA.
  5. Chrisman, C.L. (2006). Neurologic Examination and Neuroanatomical Diagnosis. In Veterinary Clinics of North America: Small Animal Practice.

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